A moeda de 960 reis ou PATACÃO.

Essa moeda de prata, um clássico valor da coleção de moedas brasileiras, com xx m de diâmetro e peso ao redor de 27 gr foi emitida, na sua grande maioria sobre disco de moedas hispano-americanas, conforme segue:

1808/1809 aplicação de contramarca bifacial - Carimbo de Minas
1810/1827 produção regular da moeda - Casa da Moeda do Rio/Bahia/Minas
1818/1823 aplicação de contramarca bifacial - Carimbo de Mato Grosso/Cuiabá/C
1832/1834 retomada da produção regular da moeda - Casa da Moeda do Rio

A História Monetária Brasileira e a Numismática registram os seguintes dados históricos relacionados com essa moeda e suas diferentes emissões.

No ano de 1808 o governo português, então recém chegado ao Brasil, teve a necessidade de aumentar a renda pública. Entre outras ações destacamos a solução para o impasse com o reaproveitamento das moedas de prata hispano-americanas de 8 reales com aplicação de contramarca bifacial “960”. Essas moedas circulavam com o valor de 750 a 800 réis. Com o carimbo passavam a valer 960 réis. O lucro dessa operação ficava com o governo. Essa contramarca é descrita pela numismática como um carimbo aplicado nas duas faces da moeda estrangeira. O período da aplicação foi entre 1808/1809, com circulação restrita somente a região de Minas Gerais, vindo daí sua classificação Carimbo de Minas – 960 réis. Os locais de aplicação nas moedas dessa contramarca foram as quatro Casas da Fundição de Minas Gerais. Após a circulação foi liberada para todo o país. O lucro obtido pela operação do “Carimbo de Minas” foi grande para o Governo, que providenciou a cunhagem por completo das moedas de 8 reales, com um cunho novo. A série de moedas de prata nessa época era: 80 réis ( um quarto de pataca), 160 réis ( meia pataca), 320 réis (uma pataca), 640 réis ( duas patacas) e o novo valor valendo 960 réis ( três patacas), que ficou conhecido como patacão.

A Moeda de 960 reis ou PATACÃO. A circulação desse valor teve início no ano de 1810. Foi produzida com o disco de prata de moeda de 8 reales e “transformada” em moeda nacional com a ação da recunhagem por completo. Em 1810 a Casa da Moeda do Rio e da Bahia assim procederam iniciando a produção regular de moedas com o valor de 960 réis. Em Minas (Vila Rica) isso ocorreu somente nos anos de 1810 e 1816. Na região de Mato Grosso a moeda com esse novo valor foi emitida com a reutilização da aplicação do “carimbo bifacial”, iniciando em 1818 sendo conhecido como Carimbo de Mato Grosso, após surgiu o Carimbo de Cuiabá com suas diferenças de grafia. A última emissão de moeda com o valor de 960 réis foi em 1827. Houve uma outra emissão desse valor durante o período da regência, mas só alguns poucos exemplares foram cunhados nos anos de 1832, 1833 e 1834. Nesse ano o valor da moeda de prata de 960 réis foi alterado para 1200 réis. Mesmo assim, os antigos exemplares de patacão continuaram a circular por muito tempo ainda.

Coube a numismática, como ciência auxiliar da história, fazer o registro dos exemplares que resistiram ao tempo. Além da emissão oficial existiram ocorrências de fraudar essas moedas. A numismática classifica essas em Moeda Falsa ou Moeda Falsificada. A confecção desses dois tipos de fraude visavam enganar alguém mas são de épocas e objetivos diferentes. A Moeda Falsa foi confeccionada no passado para fraudar o Governo. A Moeda Falsificada foi confeccionada nos nossos dias com a finalidade de obter lucro na venda a colecionadores de moedas.

A coleção de patacão é um dos clássicos da numismática brasileira existindo várias referências bibliográfica sobre esse assunto, desde um simples catálogo de preço com registro de variantes conhecidas até estudos com relato históricos e econômicos. A organização de uma coleção de moedas de 960 réis é livre. Por exemplo pode-se colecionar a moeda : por data; por casa de cunhagem; por tipo de governo ou por origem da moeda base. Essa última opção é desafiadora para o colecionador de patacão. Explicando: a grande maioria de moedas de 960 réis foi “produzida” com o disco de prata de moeda de 8 reales e “transformada” em moeda nacional com a ação da recunhagem por completo. Esse procedimento por motivos técnicos, entre outros: falta de pressão no momento da cunhagem e disco de prata da moeda de 8 reales temperado (aquecido) fora do padrão, não “apagou” por inteiro as legendas da moeda utilizada como base. Essas são visíveis junto com as legendas brasileiras. Assim além de identificar a moeda brasileira pode-se identificar a origem da moeda base. Essa ocorrência está registrada em catálogos especializados facilitando, para um iniciante, em muito o ato de colecionar. Esse colecionismo “por base” é muito amplo existindo a possibilidade de localização de um exemplar ainda não registrado.

Uma outra opção de colecionar moedas é coletar exemplares falsos, da época, produzidos para fraudar o governo. Essa é uma coleção especializada onde o colecionador deve conhecer bem os exemplares autênticos para identificar os falsos. Essa ocorrência “moeda falsas” sempre existiu e sempre vai continuar existindo. No caso do patacão é conhecido relatos de época, processos administrativos e notícias de jornal, onde essa prática foi descrita. O lucro obtido na época e a maneira rústica como o patacão era “fabricado” ajudou em muito a contravenção. Geralmente os exemplares de 960 réis falsos, como qualquer moeda falsa, quando identificados no meio circulante eram evitados pelos comerciantes e pela população em geral, sendo recolhido pelo governo. Isso aos poucos foi levando a “distribuição” de moeda falsa para os pequenos vilarejos onde a moeda oficial sempre estava em falta. Esses e outros fatos fizeram com que os exemplares falsos, de época, surgissem e sumissem do meio circulante com uma grande rapidez, resultando na falta de exemplares para o estudo da numismática. Esse assunto poucos livros de numismática tratam, geralmente só citando a existência da fraude mas sem detalhes técnicos. Essa falta está começando a ser sanada com o estudo realizado pelo Dr. Fernando Brandão Correia/Miguel J. Nuske agora divulgado na seção Monografias Numismáticas/CFNT. Além de colecionar moedas oficiais o Dr. Fernando recolheu pacientemente durante anos exemplares de 960 réis falsos. Sendo um numistata detalhista e estudioso, com esse acervo elaborou o presente estudo agora divulgado com o auxílio do Miguel J. Nuske. O mesmo lista xxx exemplares com descrição e imagem de anverso e reverso de moedas de 960 reis FALSAS. O nome do estudo ficou Catálogo de Patacões Falsos - Coleção Fernando B. Correia. Com certeza é a primeira vez que um estudo técnico sobre moedas falsas de 960 réis é divulgado aos colecionadores. Soma-se a isso o fato de ser utilizado as facilidades da Internet que ampliam em muito essa divulgação e permitem a interação dos leitores com a provável inclusão de um exemplar não registrado.