NUMISMÁTICA: A ARTE DE COLECIONAR DINHEIRO

 

OTAVIO ROTH VALENTINI

 

 

 

SUMÁRIO

 

 

 

INTRODUÇÃO

3

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

5

          2.1 Levantamento do histórico das moedas no Brasil

19

3 METODOLOGIA

30

         3.1 População

30

         3.2 Instrumentos de Pesquisa

31

4 ANÁLISE E DISCUÇÃO DOS DADOS

31

         4.1 Ida ao Banco Central do Brasil

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5 CONCLUSÕES

34

REFERÊNCIAS

37

 

 

 

 

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Estudante do Colégio Santa Teresinha de Taquara / RS

 

 

 

 

 

 

INTRODUÇÃO

 

          A numismática é uma área extremamente nova e tem se consolidado como ciência apenas nos últimos anos. Ela envolve todos os aspectos relevantes às moedas e medalhas que representam valores monetários. No caso deste trabalho, o enfoque será mais direcionado às moedas e sua história. Normalmente, a numismática tem se configurado como um ramo da História devido a alta importância do dinheiro nas relações sociais e no contexto histórico, bem como as questões que envolvem a arte e a cultura divulgada nas faces das moedas.

          O interesse surgiu em pesquisar sobre numismática pelo fato de que colecionávamos moedas de uma forma bem amadora e artesanal, sem muito conhecimento sobre o  valor cultura daquilo que fazíamos. Ao longo de todo o trabalho fomos descobrindo, ou melhor, redescobrindo, o significado do colecionismo e das moedas.

          Os objetivos centraram-se em compreender como se desenvolveu a história da numismática no Brasil; identificar o desenvolvimento do dinheiro em relação à cultura histórica e descobrir como atualmente o colecionismo atua. Tal pesquisa se justifica pelo fato de que aprofundar os conhecimentos da história descobrindo como o dinheiro se desenvolveu junto com a sociedade pode contribuir muito para o aprendizado. Este trabalho também se justifica pelo fato de seus pesquisadores serem colecionadores e estarem aprofundado seus interesses nessa arte.

          O principal problema de pesquisa se direcionou para tentar compreender qual a história da numismática no Brasil. As demais questões norteadoras da pesquisa se voltaram para investigar como se dá o colecionismo nos dias de hoje e qual o valor próprio do dinheiro, seja um valor cultural ou monetário.

          As hipóteses que guiaram nossa investigação foram:

-         A numismática se lançou com o começo das moedas;

-         Inicialmente as trocas comerciais eram feitas através do escambo que é simples troca de mercadorias, com a evolução do comércio este tipo de troca não dava mais conta das necessidades. Assim foi necessário criar o dinheiro, que foi feito de diferentes formas de acordo com cada região e isso despertou o interesse pelo colecionismo.

-         O colecionismo nos dias de hoje é uma fonte de cultura, entretenimento, bem como acúmulo de valores, já que se trata de dinheiro que vale “dinheiro”.

-         A evolução da tecnologia facilitou a criação de diferentes tipos de moedas, as quais contém os momentos históricos e culturais em suas faces, o que aguça o interesse pelo colecionismo.

          E com esse panorama criado lançamo-nos na fascinante tarefa de compreender o próprio dinheiro que manipulamos. Descobrir que algo que manipulamos cotidianamente e que, na maioria das vezes, damos valor ao significado que tem, e não ao objeto em si, é algo fascinante. A sensação que surge é de que o conhecimento que adquirimos nos permite ver o dinheiro de outra forma.

          Quanto a metodologia de pesquisa, ela se configura como sendo um estudo simultaneamente bibliográfico e experimental. Há toda uma investigação histórica para contextualizar e compreender melhor a numismática e uma pesquisa de campo com colecionadores.

          Por fim, espera-se que a numismática seja considerada pelos leitores desse relato de pesquisa como algo muito maior do que um simples hobby, mas uma representação da cultura e do conhecimento histórico dos povos.

 

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

 

          Numismática é uma ciência que trata das moedas e cédulas, identificando-as, analisando-lhes a composição e, enfim, distribuindo-as cronológica, geográfica, histórica e estilisticamente. Antes da invenção do dinheiro para as operações de compra e venda era efetuado o escambo, que é a troca de mercadorias. A partir do século VII a.C. essas operações eram efetuadas seja à base de troca, seja com o uso da balança, para pesar quantidade de metal precioso. A numismática é de grande importância para a Arqueologia e a História. Por exemplo, moedas encontradas em escavações arqueológicas quando identificadas permitem datar outros objetos encontrados.

          O estudo das moedas permite reconstruir os aspectos econômicos dos povos. O numismata, portanto, é um estudioso que busca através das moedas conhecimentos diversos, como história, metalurgia, arte, etc.

          Por sua vez os cunhos variadíssimos, com imagens, símbolos, divisas, etc. tornam as moedas documentos históricos e artísticos de primacial importância.

          O padrão monetário do Brasil provem do real português, cunhado em prata por D. João I. Desvalorizações sucessivas originaram o padrão de mil réis de onde derivou o cruzeiro. No Brasil, os holandeses cunharam moedas no Recife, os portugueses começaram na casa da moeda, na Bahia, a partir de 1695. Na época atual as moedas são fabricadas em série por processo mecânico, que muito lhes diminuiu a categoria artística dos séculos passados.

          Agora, na celebração dos 500 anos,  defrontamos a cédula de 10 reais, lançada no dia 22 de abril de 2000, propondo-se a mostrar na frente a época do descobrimento e no verso o Brasil contemporâneo. A cédula foi fabricada em polímero plástico, material importado da Austrália, o que assegura, segundo se afirma, maior durabilidade além de segurança contra falsificações, sendo prevista a tiragem de total de 250 milhões de cédulas entre 2000 e 2001.

 

Segundo Costilhes

A numismática é a busca dessas informações [história, geografia, e cultura de um povo] através do estudo e conhecimento dos objetos moedas, em todos os seus aspectos, desde sua produção e seu uso até sua inclusão nas prateleiras dos museus ou nas coleções particulares. Em resumo: é a ciência das moedas (1985, p.9).

 

Assim, a numismática é um estudo das moedas, que ajuda a conhecer a história de um povo ou de uma região, através de suas faces. As faces de uma moeda podem apresentar momentos históricos ou culturais, datas comemorativas e símbolos da cultura do povo. Podem, também, incluir a política e a organização territorial do país ou região. Em resumo, a moeda é uma das formas de identidade de um povo, bastando saber interpretá-la.

A numismática se organiza através de coleções que são gerenciadas por pessoas com considerável conhecimento na área. Conforme Costilhes, o numismata é:

 “...um pesquisador que trabalha com grande número de moedas e para isso não recorre somente as peças originais disponíveis nos museus e nas coleções particulares, mas também a moldagem em gesso e reproduções de diversos tipos (inclusive fotografias) [..] Mas além da emoção que a sua antiguidade e beleza despertam, as moedas antigas (e também as modernas) têm muito para contar sobre o homem e as sociedades que já existiram revelando dados importantes sobre a economia, a história, a política, a arte, a religião. Toda a moeda é portanto um documento histórico como uma inscrição numa pedra ou num pergaminho antigo, que é preciso saber decifrar para descobrir tudo o que ele pode revelar sobre a realidade do mundo em que foi produzido...”  (1985, p.79 e 80)

 

O nome numismática tem sua origem do grego NOMISMA e do latim NUMMUS, que eram as palavras utilizadas pelos antigos para designar suas moedas; quanto a palavra moeda, tem sua origem na deusa protetora do dinheiro: JUNO MONETA, em cujo templo, em Roma se cunhavam moedas.

Costilhes diz também que “ao estimular a curiosidade e a pesquisa, essas moedas podem ser um início de uma coleção ou podem fazer nascer um interesse pelo estudo mais aprofundado da numismática”.

A numismática tem se firmado como ciência, adotando métodos científicos rigorosos, tais como a estatística, a metalurgia, a metrologia, etc. afastando-se da imagem romântica de assunto misterioso reservado para diletantes ou entretenimento improdutivo para colecionador.

          “... O valor da coisa (moeda), primeiramente foi determinado unicamente pelo tamanho e pelo peso e, finalmente, pela impressão de um cunho, afim de evitar as medições (constantes).

          O cunho foi colocado como sinal da quantidade (de metal)”. (Aristóteles, Política. Livro I,IX, 7-8)

          A civilização babilônica na Mesopotâmia, (2 mil anos a.C.) utilizava para as suas transações objetos de bronze e de pedra, alguns com formas de animais ( patos e leões) com pesos variados de algumas dezenas de gramas até mais de 15 quilos e relacionados a um sistema ponderal perfeitamente definido. Muitos desses objetos inclusive continham a inscrição de seu peso (em caracteres cuneiformes). Trata-se portando realmente de moedas, embora não com a forma (disco metálico) que posteriormente se espalhou pelo mundo.

          O British Museum em Londres possui vários desses pesos. Relata Costilhes.

          Segundo Costilhes (pg. 14) “Já no século VI a.C., circulavam as sapecas, moedas redondas (fundidas e não cunhadas) de bronze, com um furo no meio que permitia que fossem enfiadas em cordões, ou mesmo amarradas entre si, formando conjuntos de valores múltiplos”.

          A moeda ocidental tal como a conhecemos e à qual provavelmente se referia Aristóteles – disco de metal com impressões nas duas faces – tem sua origem na Lídia (atual Turquia) no século VII a.C.

          As primeiras moedas eram feitas de uma liga natural de ouro e prata, e o electro, metal que se encontrava com relativa abundância nos rios da região. Inicialmente só um dos lados, o chamado anverso, apresentava um desenho aparentemente sem significado, apenas algumas estrias, e o outro lado (reverso) apresentavam marcas de um instrumento destinado a forçar a pastilha de metal no cunho de anverso.

          Diz Costilhes que a função religiosa da moeda é muito significativa, principalmente na Grécia Antiga, o que é atestado pelo caráter sagrado que lhe é atribuído na época, pelas numerosas figuras de deuses representados nas suas faces e pela presença de oficinas monetárias dentro dos templos religiosos. Certos autores sustentam até que a pratica religiosa estaria na base da invenção da moeda pelos lídios e não a necessidade econômica. Alguns ritos até hoje praticados são reminiscências da função religiosa da moeda: amuletos feitos de moedas furadas e penduradas no pescoço para dar sorte, moedas colocadas na boca ou na mão dos mortos, moedas jogadas por viajantes ou turistas nas fontes e nos poços.

          A função política é também muito marcante, a moeda servindo como instrumento de poder, de dominação, de centralização e de propaganda.

          O controle da emissão da moeda e de sua circulação, bem como a cobrança de impostos na mesma moeda, concentra um grande poder nas mãos do Estado. Relata Costilhes.

          O papel, como a moeda metálica, surgiu em vários lugares e em épocas diferentes. Na China já existia no século VII, tendo seu uso generalizado naquele país a partir do século XI.

          As folhas de fumo em 1642 nos Estados Unidos da América do Norte teriam servido como meio de troca; posteriormente, a partir de 1727, os certificados representativos de certas quantidades de fumo começaram a circular como moeda.

          O famoso inventor americano Benjamin Franklin (1706 – 1790), em 1729, quando tinha apenas 23 anos, escreveu um panfleto recomendando o uso do papel-moeda e graças aos seus conhecimentos tipográficos imprimiu vários tipos de papel-moeda para os Estados a Pensilvânia, Delaware e Nova Jérsei. Enfim, em 1779, o papel-moeda teve uma participação importante como instrumento de financiamento durante a guerra de independência dos Estados Unidos da América contra a Inglaterra.

          Na França, em 1716, o banco de terra imaginado pelo financista Law emitia certificados garantidos pelas terras do Estado e que circulavam como moeda. Também na Revolução Francesa, em 1789, os assignats (pequenos papeis assinados) circulavam com a promessa de reembolso ao portador em moedas correntes.

Costilhes diz também que

“Até uma época recente, o papel-moeda garantia ao portador o pagamento em moedas de ouro, como consta impresso nas notas do Banco da República do Brazil: “Na Thezouraria do Banco, se pagará ao portador, em moeda de ouro e à vista, a quantia de Quinhentos Mil Réis (ou outra quantia que figura no papel), nos termos da Lei nº.: 183C de 23 de setembro de 1893”. Mas esses tempos já se foram e, atualmente, no mundo inteiro o papel moeda vale por si mesmo, é uma moeda de curso legal sendo o público obrigado a aceitá-la pelo valor facial impresso (ou gravado) no papel. O papel-moeda relegou a um segundo plano, principalmente no Brasil, as moedas metálicas.”

         

A moeda bancária ou escritural, representado pelas transferências de créditos entre os bancos e pelos cheques bancários, dispensa o uso de moedas metálicas ou de papel. Com o cartão magnético, uma nova era se abre que poderá dispensar não só as moedas mas também os cheques: o terminal do computador na loja ou até mesmo dentro de casa lê o cartão, debita na conta do cliente e credita na do vendedor.

          O próprio cartão magnético está evoluindo para garantir mais segurança e inviolabilidade: faixas magnéticas, impressões fluorescentes, símbolos escondidos e até hologramas estão sendo utilizados simultaneamente num cartão experimental desenvolvido na Inglaterra.

          Estamos longe da moeda cunhada a mão 2.600 anos atrás.

          Relata Costilhes (pg. 25)  que “basicamente, desde sua criação até hoje em dia, a moeda é fabricada a partir de um disco de metal achatado, de peso determinado, sobre o qual se imprime a força, simultaneamente nas duas faces (chamados de anverso e reverso), figuras ou desenhos que estão gravados em baixo relevo em dois cunhos de metal duro, um para cada face”.

          As moedas foram fabricadas a mão durante muito tempo, até o século XVI, quando foi inventada a prensa para substituir os instrumentos primitivos. Esses instrumentos utilizados para a fabricação das moedas eram os seguintes.

-         Um cunho de anverso e um cunho de reverso;

-         Uma bigorna ou um tronco de árvore cortado transversalmente e sobre o qual era embutido ou fixado o cunho de anverso;

-         Um par de pinças para segurar o cunho de reverso por cima do disco de metal aquecido e outro para pegar o disco do fogo e colocá-lo sobre o cunho de anverso.

-         Um martelo pesado para bater em cima do cunho de reverso e forçar os cunhos a imprimirem seus desenhos no disco de metal aquecido.

         

A seqüência das operações era a seguinte.

          Primeiramente era necessário preparar os discos de metal; os discos primitivos utilizados pelos gregos podiam ser fabricados de várias maneiras:

          Derramando-se uma quantidade de metal certa (de peso determinado) de metal fundido em pequenas formas ou moldes do tamanho da moeda, cortando-se fatias de uma barra ou rolo comprido de metal como rodelas de salame, ou ainda achatando-se bolas de metal. Mais tarde, na Idade Média, os discos eram recortados, com uma tesoura especial, de chapas de metal achatado a marteladas até atingir a espessura desejada; Posteriormente, as chapas eram laminadas e os discos extraídos com a ajuda de um vazador.

          Uma vez prontos, os discos eram novamente esquentados no momento da cunhagem para amolecê-los o suficiente, a fim de receberem a impressão dos cunhos.

          Os cunhos eram inicialmente feitos de bronze endurecido, sendo substituídos depois pelo ferro e pelo aço, mais resistentes. Os desenhos eram feitos à mão em cada cunho com a ajuda de cinzel de buril (diz-se “abrir” um cunho), em baixo relevo e em negativa (como um carimbo de borracha atual), para que o desenho aparecesse certo (em positivo) no disco. As letras e inscrições eram colocados com a ajuda de punções (instrumento pontiagudo para gravar traços ou pontos com a ajuda de um martelo), diretamente nos cunhos.

          Imagine a precisão adquirida pelos antigos na gravação desses cunhos que eram verdadeiras obras de arte e de precisão em miniatura.

          Quatro homens bem treinados chegavam a cunhar uma moeda por segundo:

             -  O primeiro pegava com a pinça o disco de metal no forno e o colocava sobre o cunho de anverso;

-         O segundo colocava com  a outra pinça o cunho de reverso sobre o disco;

-         O terceiro batia com força o martelo sobre o cunho de reverso, forçando os desenhos dos cunhos no disco amolecido;

-         Um quarto homem tirava a moeda pronta de cima do cunho de anverso.

Essa técnica artesanal, como se pode imaginar, produzia moedas de grande irregularidade que, feitas em série, conservavam um caráter particular, por isso cada moeda antiga é única, o que não deixa de ser um dos seus atrativos. Nem sempre os discos, uma vez prontos, eram esquentados para receber a impressão dos cunhos, por exemplo, na Idade Média as moedas eram cunhadas a frio em discos muito finos que dispensavam essa preparação. Como se pode ver na gravura abaixo que representa uma oficina monetária do começo do século XVI.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Donato Bramante, arquiteto e pintor renascentista do século XVI, inventou a prensa com parafuso, que substituía a cunhagem a martelo, produzindo moedas muito mais perfeitas e regulares. O escultor Benvenuto Cellini, mestre de oficina monetária do Papa Clemente VII, no mesmo século, introduziu a prensa com parafuso ou balancê para a cunhagem de suas moedas.

A substituição dos instrumentos primitivos pelo balancê foi lenta e progressiva: na oficina monetária de Paris, na França, deu-se no século XVI, e, na Inglaterra e em Portugal, no século XVII.

Ainda no século XVI, também foi inventado o colar ou virola que, separado em duas peças, prendia a moeda forçando suas bordas no ato da cunhagem a se adaptarem ao contorno interno do colar, dando uma forma perfeitamente redonda à moeda e permitindo que o bordo fosse ornamentado de um desenho, que já vinha gravado na parte interna do colar.

       Costilhes relata que a invenção do colar objetivava principalmente limitar o cerceio, pratica fraudulenta que consistia em limar um pouco do bordo de cada moeda de ouro ou de prata (já que as moedas eram de forma irregular, isso passava despercebido a olho nu e só era detectado no peso), permitindo assim acumular ilegalmente ouro ou prata retirados das moedas em circulação. Mas o uso do colar só se generalizou no século XVIII. Outro método para gravação do bordo das moedas, utilizado no século XVIII, era a máquina de encordoar (desenhava um cordão em volta da moeda), que consistia de duas barras de metal paralelas, gravadas, e entre elas o disco de metal era forçado a girar em torno de seu eixo.

       Durante a revolução industrial européia do século XVIII, o balance, até então movido à força de braço, por moinho de água ou ainda puxado por cavalos, foi adaptado para utilizar a força do vapor.

Atualmente, prensas modernas de alta precisão e eficiência permitem cunhar moedas em grande quantidade, com  maior uniformidade (aliás, o que elas ganham em uniformidade perdem em atração...).

Também a fabricação dos cunhos sofreu ma grande evolução e atualmente a máquina pantográfica permite gravar o cunho definido em aço diretamente a partir de um modelo da futura moeda em gesso, de tamanho grande, por exemplo de 20 ou 30 centímetros de diâmetro.

Os principais metais e ligas utilizados para a fabricação das moedas no decorrer dos anos foram: electro, ouro, prata, platina, cobre, bronze, bronze-alúminio, alumínio, níquel, cupro-níquel, zinco, aço, e várias outras ligas e materiais, principalmente nos tempos que foram necessárias moedas chamadas “de necessidade” (cunhadas em período de calamidade pública).

Para a melhor compreensão dos termos utilizados para a descrição da moeda, vamos examinar a figura seguinte, que representa um desenho esquemático de uma peça do século XX, com o nome das principais partes que a compõem:

Bordo: Delimita as duas faces da moeda, na espessura do disco, na qual é impressa a serrilha ou outro desenho.

Orla: É a beirada da face da moeda, em geral ligeiramente elevada, para proteger o desenho principal do desgaste, e que é freqüentemente desenhada.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Legenda: É a inscrição com o nome do país, ou do soberano e seus títulos, ou da cidade, ou ainda frases ou divisas; são habitualmente abreviadas. Às vezes, ocupam o campo da moeda.

Campo: É o espaço central da moeda, no qual aparece o motivo principal ou os símbolos escolhidos pela autoridade emissora.

Exergo: É o espaço entre a figura principal e a orla. Embaixo, freqüentemente é onde se coloca a data ou o valor da moeda.

Para se determinar qual o anverso e qual o reverso, há várias teorias, nem sempre concordantes, pois não se pode estabelecer uma regra geral que se aplique aos milhões de tipos de moedas que forma fabricadas no decorrer dos séculos.

Citaremos algumas delas.

Para as moedas que apresentam numa face o busto ou a cabeça de um monarca ou de uma personalidade, esta face é geralmente o anverso. Para as moedas modernas, o anverso é determinado pela autoridade emissora nos documentos que autorizam a emissão e que descrevem a moeda, não havendo também regras definidas para tal determinação.

Quando for analisar uma moeda deve-se olhar também o estado de conservação em que se encontra a moeda; moedas ilegíveis ou muito gastas têm pouco ou nenhum valor comercial, só histórico, a menos que se trate de moedas muito raras. A classificação das moedas, segundo seu grau de conservação, é uma prática comum a todos os países e para todos os tipos de moeda. Entretanto, os critérios de avaliação são diferentes quando se trata de moedas antigas feitas à mão ou de moedas modernas feitas à máquina; para essas últimas, o rigor e a precisão na classificação são maiores. Para as moedas antigas, a perfeição de cunhagem, a pátina adquirida posteriormente são elementos que também entram na apreciação mas que são por vezes muito subjetivos. A tabela utilizada é a seguinte:

Flor de cunho (FC): moeda perfeita, tal como foi cunhada, sem nenhum arranhão ou marca.

Soberba (S): algum desgaste nas partes salientes, geralmente os cabelos das efígies apresentam algum empastamento, riscos e marcas superficiais.

Bem Conservada (BC): desgaste mais pronunciado, muitos riscos e marcas, embora os desenhos principais continuem visíveis.

Regular (R): moeda muito gasta, os desenhos mais salientes estão apagados, a moeda deixa de ser atraente.

Gasta (G): moeda apenas identificável, mas a maior parte dos desenhos está apagada, legendas ilegíveis, só serve como documento; seu valor comercial sendo limitado ao peso do metal.

Esta nomenclatura pode ter variações ou subcategorias, tais como FC/S ou MBC/BC ou ainda termos diferentes: bonita, bela, etc., mas o sistema básico é o mesmo.

O tamanho reduzido da moeda obriga o gravador a condensar o desenho e a mensagem no espaço disponível, a expressar somente o essencial. Resulta dessa restrição que a moeda tem uma linguagem própria, feita de símbolos e abreviações.

As moedas gregas antigas são ricas em figuras que simbolizam os meios geográficos e espirituais nos quais elas foram concebidas. As moedas da cidade de Zancle, na Sicília, a da ilha da Egina, o mar Egeu, mostram um semicírculo em pontilhado, que simboliza as baías em volta das quais as cidades eram construídas.

São tantos os símbolos que aparecem nas moedas, que a sua enumeração encheria um livro inteiro.

As abreviações das legendas originaram alguns exageros que transformavam a leitura de uma moeda em um verdadeiro quebra-cabeça, principalmente em emissões do império alemão do final do século XVI. Por exemplo, uma dessas abreviações é a seguinte: “H.D.E.I.L.R.G.V.H.V.P.H.Z.G.C.G.S.V.L.”, o que significa: “Heinrich der Erste, Jüngerer Linie Reuss, Graf und Herr von Plenen, Herr zu Greiz, Cranichfeld, Gera, Schleiz und Löbenstein!”.

Esta não é a mais comprida das abreviações pois ela tem 19 letras quando existem algumas com 50 letras.

Por serem o reflexo das circunstâncias políticas, econômicas, culturais e religiosas da época de sua emissão, as moedas têm grande significado para o historiador. Para ele, a moeda é um documento como qualquer outro, porém com características específicas: é um documento original e autêntico, é contemporâneo de sua época, foi emitido por uma autoridade oficial com base num sistema de peso determinado e é encontrado normalmente em grandes quantidades. Graças a essas características, o historiador pode, a partir das moedas, ter conhecimento de fatos passados que por vez não conheceria de outro modo, principalmente quando a documentação escrita é insuficiente ou inexistente. Como, por exemplo, no período da antiguidade clássica européia e na época das invasões bárbaras, período de muita destruição e poucos registros oficiais. Ele pode também obter a confirmação ou a retificação de informações provenientes de outras fontes, ou pode ainda colher dados de natureza econômica, área sobre a qual, na antiguidade, a maioria dos outros documentos é omissa.

Existe um documento interessantíssimo chamado “Edito de Diocleciano”, datado do ano de 301 da nossa era e no qual o imperador romano Diocleciano fixou por decreto o preço máximo permitido de todos os gêneros e serviços disponíveis no mundo romano. A lista, muito extensa, inclui praticamente todos os bens desde o milho, o trigo, o vinho e o azeite, os diverso tipos de tecidos de seda, lã ou veludo, instrumentos de trabalho, até utensílios domésticos e materiais de construção. Inclui o serviço de mão-de-obra, pedreiros, marceneiros, etc. Os contraventores, os que praticavam preços superiores aos permitidos, eram punidos com pena de morte. Concebido por um poder autoritário e ingênuo, o decreto tentava remediar a inflação vigente de maneira arbitrária, sem, no entanto, atacar o mal na sua origem: o desequilíbrio econômico do império sobrecarregado pelas eternas guerras de manutenção das fronteiras. Parece que a principal motivação de Diocleciano era tentar manter os preços estáveis para as necessidades dos soldados dos seus exércitos.

Como se poderia esperar, o decreto não funcionou, os gêneros sumiram, estabeleceu-se o mercado negro, muitos foram mortos por desrespeitá-lo e poucos anos depois foi abandonado. Apesar de o texto original ser perdido e de hoje só se dispor de vários fragmentos em grego e latim, esta tentativa de regulamento de preços é tão famosa na história que até foi citada por Ronald Reagan, ex-presidente dos EUA, em sua primeira campanha eleitoral como uma prova de que esse tipo de intervenção estatal na economia não funciona desde há séculos. Esse decreto também é muito importante para a numismática, pois fornece uma idéia precisa do poder aquisitivo da moeda naquela época e estabelece uma relação dos preços dos gêneros e dos serviços entre si.

          Poderíamos citar muitas outras coisas para as quais as moedas, ou melhor, a numismática serve e este assunto com certeza, encheria livros. A numismática conta tudo sobre a história do povo em que foi cunhada e do mundo, basta querer buscar essas informações que com certeza trarão também assuntos diferentes e interessantes.

 

2.1 Levantamento do histórico das moedas no Brasil

 

2.1.1 Com as expedições chegam as primeiras moedas

§         Tostão D. Manuel I (prata)

§         Cruzado D. João III (ouro)

§         Meio Tostão D. João IV (prata)

§         Dez Réis D. João III (cobre)

§         Dois Vinténs D. João IV (prata)

§         Vintém D. Manuel I (prata)

§         Real Espanhol (prata)

§         Ceitil (cobre)

Com a intensificação das viagens à terra recém-descoberta e a implantação de núcleos de colonização, começaram a circular as primeiras moedas no Brasil, trazidas pelos portugueses, invasores e piratas. A partir de 1580, com a união das coroas de Portugal e Espanha, moedas de prata espanholas passaram a circular no Brasil em grande quantidade.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


2.1.2 Carimbos alteram o dinheiro

Em 1642, Dom João IV, rei de Portugal, mandou aplicar carimbos sobre as moedas portuguesas e espanholas em circulação.

Esses carimbos aumentavam o valor das moedas. 

 

 

 

 

 

 

 


2.1.3 Na invasão Holandesa, as primeiras moedas com o nome Brasil.

§         Florins

§         Soldo

Durante o domínio holandês no nordeste brasileiro (1630-1654), surgiram as primeiras moedas cunhadas no Brasil, os florins e os soldos. Essas moedas foram cunhadas pelos holandeses para pagar aos seus fornecedores e às suas tropas cercadas pelos portugueses. Os florins e os soldos traziam a marca da Companhia de Comércio das Índias Ocidentais. A palavra Brasil aparecia no reverso dos florins.

 

 

 

 

 


2.1.4 O dinheiro começa a ser fabricado no Brasil

§         Casa da Moeda da Bahia, 1695

§         Casa da Moeda do Rio de Janeiro, 1699

§         Casa da Moeda de Pernambuco, 1702

§         Casa da Moeda do Rio de Janeiro, 1703

Com o objetivo de criar um sistema monetário próprio para a Colônia, foi criada na Bahia, em 1694, a primeira Casa da Moeda. Destinava-se a recunhar todas as moedas de ouro e prata em circulação e a fabricar novas moedas. A Casa da Moeda era transferida de uma região para outra de acordo com as necessidades da população.

Em 1699, mudou-se para o Rio de Janeiro; no ano seguinte, para Pernambuco, e de novo para o Rio, em 1703.   

 

 

 

 

 

 

 

 


2.1.5 Patacas – moedas que circularam por 139 anos

§         20 réis

§         40 réis

§         80 réis

§         160 réis

§         320 réis (Pataca)

§         640 réis

As Patacas foram as moedas que circularam por mais tempo no Brasil, de 1695 a 1834. Essa série era composta pelas moedas de prata nos valores de 20, 40, 80, 160, 320 e 640 réis.

O valor 320 réis – Pataca – deu nome à série.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

2.1.6 No apogeu do ciclo do ouro, a moeda que pesava 53,78 g

Série dos Dobrões

§         400 réis

§         1.000 réis

§         2.000 réis

§         4.000 réis

§         10.000 réis (Pataca)

§         20.000 réis

A elevada produção de ouro no Brasil permitiu a cunhagem da série dos dobrões, moedas de ouro nos valores de 400, 1.000, 4.000, 10.000 e 20.000 réis, de 1724 a 1727.

O dobrão de 20.000 réis, com 53,78 gramas, foi uma das moedas de maior peso em ouro que circularam no mundo. 

 

 

 

 

 

 

 

 


2.1.7 “Cara ou Coroa”

Série dos Escudos

§         800 réis

§         1.600 réis (escudo)

§         3.200 réis

§         6.400 réis

§         12.800 réis 

Em 1727, foi criada a série dos escudos, primeiras moedas no Brasil com a figura do rei numa das faces e com as armas da Coroa Portuguesa na outra.

Essas moedas deram origem à expressão popular “cara ou coroa”.

 

 

 

 

 

 

 

2.1.8 O controle da extração do ouro

 

As casas de fundição foram criadas para controlar a exploração do ouro e a cobrança de impostos. Os mineradores eram obrigados a entregar todo o ouro extraído a essas casas, onde 20% era retirado para pagar o imposto denominado “quinto”. O restante era devolvido em forma de barras fundidas acompanhadas de um certificado que legitimizava sua posse.

 

 

 

 

 

 

 

 


2.1.9 Moedas de prata para as minas

 

Série “J”

§         75 réis

§         150 réis

§         300 réis

§         600 réis  

 

Para facilitar o comércio na região das minas, onde os preços eram estabelecidos em função do preço do ouro ( 1.200 réis para cada 3,586 g de ouro), foram cunhadas moedas em prata nos valores de 600, 300, 150 e 75 réis.

Para diferenciá-las da série das patacas, devido à proximidade dos valores, foi gravada na nova série a inicial do nome do rei D. José I.

Ficaram conhecidas como série “J”.

 

 

 

 

 

 

 

 

2.1.10 Nas faces das moedas, as fases da vida de uma rainha

 

As moedas de ouro cunhadas durante o reinado de D. Maria I registraram diferentes momentos da vida da rainha. De 1777 a 1786, apareceu retratada ao lado de seu marido, D. Pedro III.

Após a morte do rei, foi retratada sozinha, portando véu de viúva. A partir de 1789, terminado o luto, passou a ser representada com um toucado ornado de jóias e fitas.

 

 

 

 

 

 

 

2.1.11 A criação do Banco do Brasil

 

Devido à queda na produção de ouro e ao crescimento dos gastos com a implantação da administração no Rio, a quantidade de moedas em circulação tornou-se insuficiente. Assim, em 1808, D. João VI criou o Banco do Brasil, o primeiro banco da América do Sul e o quarto do mundo.

Em 1810, foram emitidos os primeiros bilhetes do Banco, precursores das cédulas atuais.

 

 

 

 

 

 


2.1.12 As primeiras moedas comemorativas

 

A elevação do Brasil à categoria de Reino Unido, em 1815, foi comemorada com a cunhagem de uma série especial de moedas. As peças em ouro, prata e cobre traziam gravada a legenda “ Joanes D. G. Port. Bras. Et Alg. P. Reg.” – “João, por graça de Deus, Príncipe Regente de Portugal, Brasil e Algarves”.

 

 

 

 

 

2.1.13 A moeda mais valiosa da coleção brasileira

 

D. Pedro I, para comemorar sua coroação como Imperador do Brasil em 1822, mandou cunhar moedas de 6.400 réis, em ouro, conhecidas como “Peça da Coroação”.

Por não ter agradado ao imperador, a produção dessas moedas foi suspensa. Foram fabricados apenas 64 exemplares e, por isso, são hoje muito raros.

 

 

 

 

 

 

 

 


2.1.14 As primeiras moedas do Brasil independente

 

Logo após a independência, as moedas mantiveram o mesmo padrão das moedas do período colonial, sofrendo pequenas alterações para se adequar à nova situação política.

Nas moedas de ouro e prata, as Armas da Colônia foram substituídas pelas do Império e acrescentou-se a frase “In hoc signo vinces” – “Com este sinal vencerás”.

 

 

 

 

 

2.1.15 Cobre falsificado

 

Entre 1823 e 1831, além das casas da moeda do Rio de Janeiro e da Bahia, casa de fundição em outros estados também cunharam moedas de cobre, o que facilitou o surgimento de inúmeras falsificações, principalmente na Bahia. O governo, numa tentativa de acabar com as falsificações, determinou o recolhimento dessas moedas na Bahia, substituindo-as por cédulas do Tesouro Nacional, atualmente muito raras.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


2.1.16 D. Pedro II – Nas moedas, o registro de um longo reinado

 

As moedas cunhadas durante os quase 60 anos do reinado de D. Pedro II mostram o Imperador em diferentes fases de sua vida: na infância, na idade adulta e na velhice.

A efígie de D. Pedro II foi a mais representada no dinheiro brasileiro.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


2.1.17 Os cruzados substituem as patacas

 

Em 1834, a Casa da Moeda do Rio de Janeiro cunhou uma nova série de moedas em prata para substituir as patacas que circulam durante todo o período colonial.

 

 

 

 

 

 


O valor 400 réis – cruzado – deu nome à série.

 

2.1.18 Cédulas fabricadas na Inglaterra

 

Para uniformizar as cédulas em circulação e acabar com as falsificações, em 1835 as antigas notas do extinto Banco do Brasil e as cédulas para o troco do cobre foram substituídas por cédulas do Tesouro Nacional, fabricadas por Perkins, Bacon &Petch (Inglaterra).

Essas cédulas possuíam certas características que dificultavam a falsificação.

Foi a primeira vez que o Tesouro Nacional assumiu o monopólio das emissões.

 

 

 

 

 

 

2.1.19 Emissões de bancos particulares

 

Com o aumento da população e o alto custo dos metais preciosos utilizados na fabricação de moedas, as cédulas tornaram-se cada vez mais necessárias no decorrer do século XIX. Como a extensão do território brasileiro dificultava a distribuição de cédulas, entre 1836 e 1854, o governo autorizou bancos particulares a emitirem juntamente com o Tesouro Nacional.

 

 

 

 

 

 

 

 


2.1.20 O novo Banco do Brasil

 

Fundado em 1851 pelo Visconde de Mauá, o Banco do Brasil iniciou suas atividades a partir de 10 de abril de 1854, na condição de único emissor. Em 1857, para atender às exigências do crescimento econômico, foi autorizada a constituição de novos bancos emissões.

O Banco do Brasil voltou a assumir a responsabilidade pelas emissões durante alguns períodos entre 1862 e 1930, quando emitiu papel-moeda pela última vez.

 

 

 

 

 

 

 


2.1.21 Inovação na fabricação de moedas

 

Moedas de bronze

§         40 réis

§         20 réis

§         10 réis

 Moedas de cuproníquel

§         50 réis

§         100 réis

§         200 réis

   Com a generalização do uso de cédulas, a cunhagem de moedas direcionou-se para a produção de valores destinados ao troco. O cobre foi sendo substituído por ligas modernas, mais duráveis, de modo a suportar a circulação do dinheiro de mão em mão. A partir de 1868, foram introduzidas moedas de bronze e a partir de 1870, moedas de cuproníquel.

 

 

 

 

 

 

 

 

2.1.22 As primeiras moedas da República

 

Após a Proclamação da República, em 1889, foi mantido o réis, nome originário do real, moeda usada em Portugal desde o século XII. As moedas de ouro e prata receberam gravação da alegoria da República no lugar da imagem do imperador.

A utilização do ouro, na cunhagem de moedas de circulação, foi interrompida em 1922, devido ao alto custo do metal.

 

 

 

 

 

 

 


2.1.23 O Tesouro Nacional

 

A grande quantidade de bancos emissores provocou uma grave crise financeira. Por isso, em 1896, o Tesouro Nacional passou a ser novamente o único responsável pela emissão de cédulas. Além disso, numa tentativa de uniformizar o dinheiro em circulação, todas as cédulas emitidas por outros bancos foram substituídas por cédulas do Tesoura Nacional.

O Tesouro fez sua última emissão em réis em 1936, voltando a emitir no padrão Cruzeiro, de 1942 até 1964, quando foi substituído pelo Banco Central.

 

2.1.24 O 4º Centenário do Descobrimento do Brasil

 

Por ocasião do 4º Centenário do Descobrimento do Brasil, em 1900, foi lançada a primeira série de moedas comemorativas da República.

A série era composta de moedas de prata nos valores de 400, 1.000 e 4.000 réis.

 

 

 

 

 

 


2.1.25 O tostão – moeda de 100 réis

 

Entre 1918 e 1953, com a finalidade de facilitar o troco, foi cunhada uma nova série de moedas em cuproníquel que substituíram cédulas de valores pequenos e moedas antigas.

A moeda de 100 réis, dessa série, ficou conhecida como tostão.

                                                    

 

 

 

 

 

 

 

2.1.26 De 1942 aos dias de hoje

 

§         CRUZEIRO (Cr$) – 1942 a 1967

Em 1942, havia 56 tipos diferentes de cédulas no Brasil. Para uniformizar o dinheiro em circulação foi instituída a primeira mudança de padrão monetário do País.

          O antigo Réis deu lugar ao Cruzeiro.

          Um cruzeiro correspondia a mil réis.

§         CRUZEIRO NOVO (NCr$) – 1967 a 1970

A desvalorização do Cruzeiro levou à criação de um padrão de caráter temporário, para vigorar durante o tempo necessário ao preparo das novas cédulas e à adaptação da sociedade ao corte de três zeros.

 As cédulas do Cruzeiro Novo foram aproveitadas do Cruzeiro, recebendo carimbos com os novos valores.

§         CRUZEIRO (Cr$) – 1970 a 1986

Em março de 1970, o padrão monetário voltou a chamar-se Cruzeiro, mantendo a equivalência com o Cruzeiro Novo (um cruzeiro = um cruzeiro novo).

§         CRUZADO (Cz$) – 1986 a 1989

O crescimento da inflação a partir de 1980 foi a causa da instituição de um novo padrão monetário, o Cruzado. Um cruzado equivalia a mil cruzeiros.

A maioria das cédulas do Cruzado foi aproveitada do Cruzeiro, recebendo carimbos ou tendo suas legendas adaptadas.

§         CRUZADO NOVO (NCz$) – 1989 a 1990

Em janeiro de 1989, foi instituído o Cruzado Novo, com unidade equivalente a mil cruzados. Os três últimos valores emitidos em cruzados receberam carimbos em cruzados novos e, em seguida, foram emitidas cédulas especificas do padrão.

 

§         CRUZEIRO (Cr$) – 1990 a 1993

Em março de 1990, a moeda nacional voltou a chamar-se Cruzeiro, com unidade equivalente a um cruzado novo.

Novamente circularam cédulas carimbadas, com legendas adaptadas e cédulas do padrão.

§         CRUZEIRO REAL (CR$) – 1993 a 1994

Em julho de 1993, uma nova reforma monetária foi promovida no País, instituindo-se o Cruzeiro Real.

A unidade equivalia a mil cruzeiros. Foram aproveitadas cédulas do padrão anterior e emitidas cédulas do padrão.

§         REAL (R$) – 1994 até hoje

Em 1º de julho de 1994, foi instituído o Real, cuja unidade equivalia a CR$ 2.750,00. Nesse caso, não houve corte de zeros ou carimbagem de cédulas do padrão anterior. O Banco Central do Brasil determinou a substituição de todo o dinheiro em circulação.

 

2.1.27 Cédula comemorativa dos 500 anos do descobrimento

 

Em abril do ano 2000, foi lançada uma nova cédula de R$10,00 com projeto gráfico diferenciado e trazendo, como novidade, o emprego de um tipo especial de plástico em sua fabricação, o polímero. Além de comemorar os 500 Anos do Descobrimento do Brasil, o Banco Central está efetuando um teste de funcionalidade e de aceitação do novo material no dinheiro brasileiro, visando oferecer à população cédulas mais seguras e duráveis.

 

3 METODOLOGIA

 

          A metodologia desta pesquisa é qualitativa e quantitativa. A parte qualitativa envolve a pesquisa documental, histórica e parte do questionário, bem como as observações das reuniões do Clube Filatélico e Numismático de Taquara. A parte quantitativa envolve a análise estatística de questionários distribuídos a colecionadores de reconhecida importância no campo da numismática. O objetivo deste questionário é traçar um perfil dos colecionadores. O questionário completa-se com perguntas abertas que serão analisadas qualitativamente.

          Outra parte da pesquisa desenvolve-se mais no campo histórico, através dos documentos. Foram contatadas instituições de âmbito nacional, tais como o Banco Central do Brasil e o Museu Herculano Pires. Além dos livros pesquisados, os documentos enviados por estas instituições foram utilizados nesta pesquisa.

 

3.1 População

 

A pesquisa será realizada com membros do Clube Filatélico e Numismático de Taquara. A escolha recai sobre estes sujeitos por serem colecionadores que se dedicam à arte da numismática e estarem reunidos de forma organizada no Clube.

 

3.2 Instrumentos de Pesquisa

 

          Para este trabalho foi utilizado pesquisa em internet, livros e manuais do Banco Central e Casa da Moeda.

          Além disso, foi feita uma entrevista com colecionadores para investigar como ocorre o colecionismo nos dias de hoje e por que essas pessoas têm tal hobby.

 

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

 

Os dados foram coletados em diferentes fontes. Os questionários foram aplicados durante as reuniões dos meses de maio, junho e julho do Clube Filatélico e Numismático de Taquara. Foram escolhidos cinco colecionadores de moedas do município e que possuem ativa participação no colecionismo e no âmbito do Clube.

As respostas foram coletadas durante a execução das reuniões e os entrevistados preencheram de próprio punho o questionário. Todos os entrevistados demonstraram disponibilidade em responder a entrevista.

Segue abaixo os dados coletados e tabulados:

 

 

 

 


 

Questão 1

Questão 2

Questão 3

Questão 4

Questão 5

Qual seu sexo?

O que lhe atraí no colecionismo?

O que você coleciona?

Você acha que o colecionismo ajuda na aprendizagem? Você aprendeu alguma com sua coleção?

O que você acha da numismática nos dias de hoje?

Sujeito A

Feminino

Adoro colecionar, acho que é o vício mais salutar que existe.

Moedas, cédulas, caixas de fósforos, jornais, etc.

Muito, Por exemplo, tem um colecionador Sr. Jairo Corso”Olhar uma moeda é folhear um livro de história”.

Estamos em Taquara desenvolvendo um trabalho muito bom, mas ainda bastante desconhecido.

Sujeito B

Feminino

A diversidade, a história, a raridade.

Moedas e cédulas

Sim, é puramente história.

Muito interessante e cada vez com mais adeptos.

Sujeito C

Masculino

Moedas de prata antigas.

Moedas e cédulas

Sim, muita coisa envolve pesquisa e o contato direto com a história.

Muito interessante. É possível desenvolver-se vários tipos de coleção de acordo com o gosto do colecionador.

Sujeito D

Masculino

O valor histórico das moedas

Moedas

Sim

Poderia ser mais divulgado.

Sujeito E

Feminino

O desenho e o que faz parte de uma cédula, homenagens a pessoas importantes do Brasil.

Cédulas

Sim, sempre lembro que na minha infância que comprava balas com moedas de 1 cruzeiro azul.

Muito interessante pela história da nosso dinheiro circulado.

Conclusão da questão

 

A curiosidade, o interesse pessoal, o caráter histórico e cultural que envolve a numismática.

Cada um tem o seu gosto pessoal para o colecionismo, mas as coleções de moedas e cédulas são a preferência. Isso se deve, porque este é o foco da numismática e pensando nas conclusões da resposta anterior que fala que os colecionadores tem seu hobby devido ao interesse cultural, as moedas e cédulas de longe são os itens colecionáveis que mais expressam a cultura monetária brasileira.

Sim, com a coleção pode-se aprender muitas coisas. Principalmente, as de cunho cultural e que envolvem pessoas ilustres e fatos da história.

A numismática tem adeptos fervorosos e extremamente empolgados com suas coleções. Todavia , ainda é uma ciência restrita a poucas pessoas, mas que está se expandindo.

Análise e discussão dos dados


          Percebe-se, observando a tabela acima, que o colecionismo do dinheiro refere-se as cédulas e moedas. Os colecionadores indicam seu interesse, principalmente, pelos aspectos que envolvem história e cultura. Os entrevistados declararam que seu interesse pela numismática é voltado pela curiosidade e o interesse na história que essas peças do dinheiro contam através de suas faces e representam a cultura do país.

          Cada um tem seu gosto regido por preferências pessoais, mas o aspecto histórico é o que predomina. Além disso, percebemos que se pode aprender de uma maneira muito interessante com a numismática porque todos os entrevistados responderam que aprenderam alguma coisa com suas coleções, o que coloca o colecionismo como um fator para ajudar a conhecer melhor a História do Brasil e consequentemente a aprender mais sobre muitos conteúdos escolares.

                  

4.1 Ida ao Banco Central do Brasil

 

          No dia 28 de junho de 2005 um grupo de pessoas visitaram  o Banco Central do Brasil em Porto Alegre. O Sr. Manoel José Conzenca Novo, que trabalha na Gerência Técnica do Meio Circulante do Banco Central do Brasil, recebeu o grupo. Os visitantes puderam conhecer uma máquina por onde passam  120 mil cédulas usadas por hora para a análise e verificação  de existência de cédulas falsas ou suspeitas. Após a  verificação, ela também  tritura as cédulas sem condições de voltar à circulação pois apresentam fita adesiva ou estão rasgadas ou riscadas. Dessas 120 mil cédulas apenas 30% voltam a circular. O  restante  é triturado. Esta máquina é uma CPS 2000 da marca inglesa De La Rue cuja fábrica foi fundada por Thomas De La Rue que começou fabricando baralhos.

          Após apresentarem a CPS 2000 para o grupo de visitantes, estes foram encaminhados para o caixa forte (cofre onde é guardado o dinheiro existente no banco e que será distribuído para os outros bancos). A entrada é feita em pequenos grupos por motivos de segurança. Lá está localizado todo o dinheiro que passará pela CPS 2000 e também o dinheiro novo que foi fornecido pela Casa da Moeda (onde o dinheiro é fabricado).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

5 CONCLUSÕES

 

Problema

Qual a história da numismática no Brasil?

 

Subproblema

          Revendo o problema proposto no início dessa pesquisa de tentar descobrir “Como se dá o colecionismo nos dias de hoje?” nossas conclusões indicam que o colecionismo é uma atividade bastante séria, extrapolando os limites de um simples hobby. Há pessoas que se dedicam a estudar constantemente e de forma bastante profunda o dinheiro e sua história. Particularmente, nos parece que os motivos que levam as pessoas a estudar a numismática são motivações pessoais, principalmente, pela cultura que envolve este estudo. No caso específico da nossa cidade, os colecionadores estão organizados através do Clube Filatélico e Numismático de Taquara. Este grupo de pessoas demonstra o grau de envolvimento que a numismática provoca nos colecionadores. Trata-se de algo muito interessante e que, acreditamos, supera os outros tipos de colecionismo porque envolve aspectos da cultura e da aprendizagem, que é o que, justamente, fascina as pessoas.

          Retomando nossas hipóteses, vemos que nem todas foram comprovadas. No início do trabalho levantamos uma hipótese que parecia ser muito banal: a de que a numismática se lançou com o começo das moedas. Todavia, fazendo um estudo mais apurado, descobrimos que o dinheiro circulou na antiguidade de formas muito diferentes das quais utilizamos hoje. Houve até mesmo o emprego de metais preciosos como o ouro e a prata. Depois disso, esses metais foram organizados e pintados com símbolos, servindo para o escambo e a identificação de um país. A numismática serviu também para  unir o povo através de um artefato comum, que é o dinheiro. Dessa forma, a numismática abriga outros tipos de objeto, que são as medalhas, os cunhos e etc.

          Quando começamos a pesquisa também considerávamos que inicialmente as trocas comerciais eram feitas através do escambo que é simples troca de mercadorias, com a evolução do comércio este tipo de troca não dava mais conta das necessidades. Assim foi necessário criar o dinheiro, que foi feito de diferentes formas de acordo com cada região e isso despertou o interesse pelo colecionismo. Ao longo do nosso trabalho estudamos as relações do escambo e vimos que realmente este não dava mais conta das trocas comerciais que os povos faziam. Todavia, a criação do dinheiro também serviu para identificar um povo que estava sob a batuta de um rei ou de um governo. O dinheiro que as pessoas usavam era um símbolo do povo do qual faziam parte. Dessa forma, o colecionismo, além de representar um hobby, tem seu interesse relacionado com a cultura e a identidade do povo ao qual pertencem os numismatas.

          Vendo as entrevistas, comprovamos totalmente a hipótese que o colecionismo nos dias de hoje é uma fonte de cultura, entretenimento, bem como acúmulo de valores, já que se trata de dinheiro que vale “dinheiro”. Observando as reuniões do Clube Filatélico e numismático de Taquara e baseados nas respostas dos entrevistados, a motivação maior é o entretenimento cultural que a numismática proporciona. Todavia, vimos que o dinheiro vale dinheiro, ou seja, há peças (cédulas e moedas)  de grande valor, mesmo algumas atuais.

          O interesse pelo colecionismo está se organizando com a evolução da tecnologia facilitou a criação de diferentes tipos de moedas, as quais contém os momentos históricos e culturais em suas faces, o que aguça o interesse pelo colecionismo. Vemos que a Internet tem agilizado as comunicações e favorecido os estudos. Há colecionadores em comunicação ao redor de todo o mundo e estão se organizando em Clubes e fazendo leilões e encontros virtuais

          De fato, o colecionador não é sempre um numismata e o numismata não é necessariamente um colecionador.

          O colecionador pode ser um simples “ajuntador”, alguém que guarda moedas sem método e sem estudá-las; pode ser também um investidor, que compra moedas caras com a intenção de vendê-las posteriormente com lucro, sem se preocupar com qualquer outro aspecto de sua coleção.

          Já o numismata é um pesquisador que trabalha com grande número de moedas e para isso recorre não somente às peças originais disponíveis nos museus e nas coleções particulares, mas também a moldagens em gesso e reproduções diversos tipos, inclusive fotografias. Uma coleção pessoal pode ajudá-lo, mas não seria nunca suficiente para um estudo abrangente.

          Em tempos mais recentes, encontramos colecionadores incríveis, como Virgil M. Brand, um rico magnata da cerveja em Chicago nos EUA, que, ao longo de sua vida (ele morreu em 1926), juntou uma coleção de mais de 350 mil moedas, a maioria das quais raríssimas! Esta coleção tinha sido leiloada aos poucos pelos seus herdeiros, e na época haviam lotes de moedas programados para serem leiloados vários anos depois.

O estudo das organizações monetárias, da função da moeda e do seu significado econômico e social, a análise da circulação monetária, das manipulações praticadas pelo estado, a reconstituição das emissões são alguns dos temas de estudo da numismática atual e nós relatamos um pouco sobre cada um desses assuntos, e com esse pouquinho de cada assunto conseguimos aprender muito.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

REFERÊNCIAS

 

CAMPOS, Raymundo. Estudo de história do Brasil São Paulo: Atual, 1999.

 

COSTILHES, Alain Jean. O que é numismática São Paulo: Brasiliense, 1985.

 

COTRIM, Gilberto. História do Brasil em olhar critico Rio de Janeiro: Editora Saraiva, 1999.

 

MEIRA, Antonio Carlos. Brasil recuperando nossa história Rio de Janeiro: FTP, 1998.

 

O colecionismo no Brasil Disponível em: http://www.acervus.com.br/principal_site.php?noticia=7&idnot=14. Acesso em 15 de maio de 2005.

 

O estudo da numismática Disponível em: http://www.numismatic.com.br/numismatica.html. Acessado em 13 de maio de 2005

 

TEIXEIRA, Francisco M. Brasil história e sociedade São Paulo: Editora Àtica, 2000.