Homenagem ao Dia do Numismata Brasileiro

 

O dia 1º de dezembro foi escolhido para homenagear o Dia do Numismata Brasileiro. Após ter sido lançada a idéia em reunião da Sociedade Numismática Brasileira - SNB, realizada no dia 14 de junho de 1934, foram dirigidas consultas a diversas personalidades. Uma delas foi o Dr. Edgard Araújo Romero, Diretor do Museu Histórico Nacional, sobre a data mais conveniente para a instituição do Dia do Numismata. Esta data foi escolhida por vários acontecimentos de grande significação nela registrados. No dia 1º de dezembro de 1822 foi realizada a coroação de D. Pedro I como Imperador do Brasil, iniciando-se uma nova fase do Brasil como país independente. Nesse mesmo dia foi lançada em circulação a primeira moeda do novo regime, a peça de 6.400 Réis em ouro (foto). Esta moeda é conhecida como Peça da Coroação e é uma das mais raras e caras moedas brasileiras, além de ser a primeira genuinamente nacional, do Brasil Independente.

 

 

 

 

Também por decreto de 1º de dezembro ordenou o novo Imperador que a Coroa Real que se acha sobreposta no escudo das armas, seja substituída pela Coroa Imperial, que lhe compete a fim de corresponder ao grau sublime e glorioso em que se acha constituído este rico e vasto continente. Ainda nesse dia foi criada a Ordem Imperial do Cruzeiro. Outro fato que ajudou a valorizar esta data na reunião da Sociedade Numismática Brasileira foi que no calendário católico, se comemora o dia de Santo Eloi (ou Elígio), padroeiro dos numismastas.

 

            A Numismática (do grego clássico νόμισμα - nomisma, através do latim numisma, moeda) é a ciência que tem por objetivo o estudo das moedas e das medalhas. Por numismática entende-se o estudo essencialmente científico das moedas e medalhas, porém na atualidade o termo “numismático” vem sendo empregado como sinônimo ao colecionismo de moedas, incluindo também o estudo dos objetos "monetiformes", ou seja, assemelhados às moedas, como por exemplo, as medalhas (que têm função essencialmente comemorativa), os jetons (geralmente emitidos por corporações para identificar seus membros), moedas particulares (destinadas a circular em círculos restritos, como uma fazenda ou localidade) ou ainda os pesos monetários (que serviam para conferir os pesos das moedas em circulação). A preocupação principal da numismática é a moeda, enquanto peça cunhada.

 

Cabe ao numismata analisar as moedas por diferentes métodos e buscando nelas diferentes informações. Durante esse processo o numismata fará uso de conhecimentos adquiridos através de outras disciplinas como a história, a cronologia, a metrologia, a simbologia, a epigrafia, a heráldica, a iconografia, a geografia, a economia, noções dos processos de metalurgia e da evolução nas artes, entre outros campos que podem ser abordados. A numismática clássica divide-se em duas partes distintas:

- a teórica, que estuda a nomenclatura numismática e os métodos de classificação e conservação das moedas;

- a histórica, que estuda o desenvolvimento da moeda nas diferentes partes do mundo ou de uma região específica, promovendo também a classificação de suas emissões.

 

A numismática faz uso de diversas áreas do conhecimento para estudar as moedas, buscando identificá-las e situá-las no tempo histórico. Porém na atualidade a moeda se tornou, também, um documento histórico, sendo utilizada como “fonte” de dados para pesquisas, pois uma moeda pode facilmente fornecer dados sobre o povo que a cunhou, como sua forma de governo, língua, religião, forma como comercializavam, situação da economia e até mesmo grau de sofisticação dos povos – através da análise do método de cunhagem – e por isso a numismática tem um papel cada vez maior no estudo da história dos povos.

 

As moedas metálicas surgiram por volta de 2000 a.C., mas, como não existia um padrão e nem eram certificadas, era necessário pesá-las antes das transações e verificar a sua autenticidade. Só por volta do século VII a.C. é que se procedeu à cunhagem das moedas. Foi a partir do dracma de Atenas que se difundiu por todo o mundo a moeda metálica. Desde o Império romano a aristocracia cultivou o interesse de colecionar moedas, sem no entanto estudá-las. O costume romano compartilhado por imperadores, como Augusto, foi mantido por reis europeus durante a Idade Média. A coleção de reis como Luís XIV da França e Maximiliano do Sacro Império possibilitariam o surgimento da numismática durante o Renascimento, graças à vontade dos humanistas em recuperar a cultura greco-romana, e a iniciativa de organizar as coleções reais. Assim a numismática surgiu durante o renascimento e se consolidou como ciência nos séculos seguintes.

 

O primeiro colecionador de moedas foi o poeta italiano Francesco Petrarca, no século XIV, que desenvolveu a numismática na Itália. O objetivo de Petrarca era conhecer a história de cada povo. Petrarca demonstrou também como a numismática pode se tornar uma paixão contagiosa. Em 1390, coube a ele, indiretamente, a cunhagem de moedas comemorativas pela libertação da cidade de Pádua, pelo visconde Francisco II de Carrara. Outros colecionadores foram o abade Joseph Eckhel que trabalhou na coleção imperial de Viena, capital da Áustria e o colecionador francês Joseph Pellerin, que contribuiu para a coleção real francesa. Seja pela cultura, pela observância de técnicas ou simplesmente pelo desafio de colecionar, a relação entre cultura e numismática sempre é presente. Mesmo aqueles que colecionam moedas ou cédulas como um simples hobbie, sem se dedicar à pesquisa, adquirem uma boa bagagem de cultura geral.

 

A numismática desenvolveu-se no Brasil, principalmente a partir do século XIX, seguindo em parte o modelo europeu. A aristocracia teve papel fundamental para o desenvolvimento da numismática no Brasil, por ser a classe mais instruída e também por ter condições de formar coleções numismáticas, lembrando-se que na época as coleções deviam se formar basicamente de moedas greco-romanas. Temos também a contribuição especial do imperador Dom Pedro II, amante das artes e da história e que freqüentemente fazia viagens ao exterior donde trazia “lembranças”. Com o fim do Império, a maior parte da produção numismática brasileira ficou restrita a museus e a trabalhos realizados por poucos pesquisadores principalmente no eixo das cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo, quadro que começou a se alterar com a popularização das feiras de antiguidade e com a criação de sociedades numismáticas no país. Apesar dos esforços a numismática no Brasil não é tão bem difundida como em outros países. Ainda assim, possuem vários grupos de colecionadores bem organizados, cursos e literatura sobre sua evolução no país.

 

Fonte: 

Sociedade Numismática Brasileira – www.snb.org.br

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